TAD

Complicações pulmonares não-TACO / não-TRALI (SHOT 2023)

Conceitos-chave

• TAD (Transfusion-Associated Dyspnea)

  • Quadro de insuficiência respiratória aguda dentro de 24 h pós-transfusão sem preencher critérios de TRALI ou TACO.

  • No SHOT 2023, representa 82 % (27/33) dos casos não-TACO, subdividindo-se em:
      • TAD-C – dados completos demonstram que não é nem TRALI nem TACO;
      • TAD-IC – informação clínica/laboratorial incompleta para classificação final.

• TRALI Tipo II

  • Paciente já possui fator predisponente para ARDS (sépsis, politrauma, bypass etc.) e piora após transfusão;

  • Mantém relevância porque ainda pode ter anticorpos do doador como cofator; porém, no SHOT 2023, nenhum óbito foi atribuído a esses cinco casos.

• TRALI-TACO indistinguível

  • Situações raras em que critérios de sobrecarga hídrica e de lesão pulmonar imunomediada são atendidos simultaneamente.

Perfil clínico e fatores predisponentes (SHOT 2023)

• Comorbidades frequentes: doença hepática, inflamação sistêmica, anemia grave (Hb < 7 g/dL), disfunção cardíaca e sobrecarga hídrica pré-existente.

• Múltiplos fatores de risco: mediana de 4 por caso; apenas 2 / 33 pacientes não apresentavam nenhum fator predisponente. Serious Hazards of Transfusion

• Mortalidade: todos os cinco óbitos ocorreram em doentes críticos, classificados como TAD (dois TAD-C e três TAD-IC).

Implicações práticas

1. Risco conjunto – Sobreposição de inflamação, hipoalbuminemia e balanço hídrico positivo amplia muito a probabilidade de complicação respiratória pós-transfusão.

2. Investigação estruturada – SHOT recomenda usar checklist de TACO em todo episódio de dispneia pós-transfusão, mesmo que a hipótese inicial não seja sobrecarga.

3. Prevenção – Minimizar volumes transfundidos, preferir hemoderivados concentrados ou alternativas (ex.: PCC em vez de plasma em hepatopatas) quando clinicamente plausível.